Como tudo começou: Revisão dos piores ataques em Escolas e reações extremas ao Bullying.

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Vamos falar sobre os ataques nas Escolas através de um histórico e a evolução ao longo do tempo...

Começando pelos Estados Unidos que há muito tempo sofre com os ataques, e depois como o Brasil formou a própria cultura de ataques em Escolas do país até o momento. Apesar de somente agora ter ganhado espaço e preocupação da mídia e da sociedade de forma geral através das redes sociais, o tema não é novo e está presente nas comunidades escolares há muitos anos. Essa nova onda de ataque pode ter um fator pós pandêmico, mas a discussão vai muito além disso.

Em 20 de Abril de 1999, no Estado do Colorado, na pequena cidade de Litletton na Columbine High School, uma escola de subúrbio, acontece um dos massacres em escolas mais famosos da história. Eric Harris e Dylan Klebold, dois jovens de 18 e 17 anos mataram doze alunos e um professor. Eles também feriram outras vinte e uma pessoas e causaram danos físicos e psicológicos naqueles que sobreviveram. A importância de falar sobre esse massacre é de que foi ele que inspirou e ainda inspira outros tantos que vieram após o Massacre de Columbine.

No estado da Virginia nos EUA, um imigrante sul coreano, Seung-Hui Cho planejou e executou um ataque a Universidade Tech da Virginia na cidade de Charlottesville em 16 de abril de 2007.  Esse ataque vitimou 32 pessoas dentro da Universidade, sendo vinte e sete alunos e cinco professores, em número de feridos e mortos foi o maior ataque registrado até então. Inspirado no ataque em Columbine o jovem disse que estava fazendo aquilo pelos fracos e oprimidos, além de manifestar ódio contra os ricos, tudo isso dito por ele num vídeo que ele deixou para as pessoas assistirem e saberem os motivos do ataque. Seung-Hui Cho sofria de transtornos sociais e mutismo seletivo, além de ser vítima constante de Bullying e discriminação.

Nos fóruns secretos da internet, nas redes sociais com perfis anônimos ou até mesmo num jogo online com interação simultânea entre pessoas de diferentes lugares, aqueles que experienciam  diferentes contextos sociais e familiares, com diferentes crenças e significados sobre a vida e sobre os outros, podem se encontrar e alimentar um espiral de ódio, raiva e sentimentos ruins, além de vingança e revanchismo contra pessoas que muitas vezes não têm a menor ideia do que está sendo planejado.

No Brasil, em 07 de Abril de 2011 na Escola Municipal Tasso da Silveira no Bairro de Realengo no Rio de Janeiro, o ex-aluno Welington Menezes de Oliveira invade a escola e atira contra os alunos e professores, ele deixa um rastro de destruição que ceifou a vida de 10 meninas e 2 meninos. O perfil de Welington era definido com um rapaz fechado, que se isolava dos colegas e pedia para entregar trabalhos escolares sozinho, quando convidado para fazer alguma tarefa coletiva se recusava prontamente. Welington convivia com apelidos como “homem-bomba”, esse atribuído por si mesmo, além de ser chamado de “psicopata” e “animal” pelos colegas. Em carta, o criminoso disse ter sido vítima de Bullying na escola e sua atuação durante o massacre foi exterminar a vida daqueles que estavam no “padrão” e eram aceitos. No fim, Welington foi parado por um policial que fazia blitz a 200 metros do local atendendo ao pedido de socorro de um aluno que conseguiu fugir do massacre.

O assassino ainda deixou vídeos gravados em que ele tenta justificar o massacre e as mortes atribuindo a sua decisão na rejeição e humilhação que sofreu dentro da escola. Em um dos vídeos ele diz que a responsabilidade das mortes, inclusive sua própria morte, era daqueles que humilhavam e ridicularizavam os que eram semelhantes a ele. Em um trecho do vídeo ele diz: “toda vez que verem alguém se aproveitando da bondade e da ingenuidade de alguém, lembrem-se que esse tipo de pessoa foi o responsáveis por essas mortes, inclusive a minha”.

Em Suzano-SP, mais um massacre aconteceu no dia 13 de Março de 2019, dois ex-alunos mataram 8 pessoas na Escola Estadual Raul Brasil. Guilherme Taucci de 17 anos e  Luiz Henrique de Castro de 25 anos, autores do massacre de Suzano pediram dicas de como matar mais pessoas em um fórum oculto na internet. Após a conclusão do massacre ambos foram homenageados e chamados de heróis dentro do fórum. Assim como no massacre de Columbine nos Estados Unidos, ambos os atiradores morreram, um deles atirou no parceiro e depois cometeu suicídio. Essa comunidade tem por característica a crença de que estão fazendo justiça com as próprias mãos. Essas atitudes muitas das vezes vêm através de um sentimento de vingança e acerto de contas com aqueles que fizeram essas pessoas sofrerem.

Em Goiânia no ano de 2017 ocorreu outro massacre dessa vez cometido por um adolescente de quatorze anos, cursando a 8° série do Fundamental. No Colégio Goyases no final da manhã do dia 20 de outubro de 2017, uma sexta-feira, um menino de 14 anos pega a arma da mãe, policial militar, entra na escola e mata dois colegas e fere outros quatro. Na época do crime, o atirador afirmou que sofria Bullying dos colegas e que se inspirou em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, além de ter planejado o ataque durante dois meses.

Em Medianeira, no interior do Paraná, um adolescente de 15 anos atentou contra a vida dos colegas de sala no Colégio Estadual João Manoel Mondrone Em vídeo divulgado antes do ataque, ele disse que o caso não era culpa de “videogame, de livro, não é culpa de b**** nenhuma. É apenas culpa desses filhos da p***”. Para a polícia, ele contou que a motivação era Bullying e tinha como alvo, pelo menos, nove alunos. Neste caso, outro adolescente de 15 anos foi seu comparsa.

Em Aracruz-ES no dia 25 de Novembro de 2020 um aluno invadiu duas Escolas da cidade e disparou contra as pessoas nos locais. Ao todo, quatro pessoas morreram entre elas três professoras e uma aluna de doze anos. Três professoras da Escola Estadual Primo Betti e uma menina de 12 anos que estudava no segundo colégio invadido pelo atirador, o Centro Educacional Praia de Coqueiral. O assassino invadiu a Escola com roupas camufladas e uma suástica nazista no braço.

Em Saudades, interior de Santa Catarina, no dia 04 de Maio de 2021 três crianças e duas funcionárias perderam a vida após um ataque covarde de um adolescente de dezoito anos na Escola Infantil de Saudades. Munido de uma faca Fabiano Kipper Mai, cometeu a atrocidade e logo depois tentou suicídio, sem sucesso. Está indo a júri popular no dia 09 de Agosto de 2023.

Em Barreiras na Bahia, no dia 26 de Setembro de 2022, um adolescente de quatorze anos entrou na Escola Municipal Eurides Sant’Ana armado com uma pistola e uma faca e começou a atirar, muitos alunos fugiram, mas uma adolescente cadeirante de dezenove anos foi morta a facada pelo adolescente.

Recentemente, no dia 27 de Março na Escola Estadual Thomazia Montoro, um aluno de treze anos entrou na escola com uma faca e matou uma professora de setenta e um anos, além de ferir outras pessoas dentro da sala de aula. A justificativa do aluno teria sido por causa do Bullying que sofria na instituição, a professora morta teria separado uma briga desse aluno com outro colega alguns dias antes do ataque.

Quatro crianças morreram após serem atacadas por um homem que invadiu a creche Bom Pastor em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, no dia 05 de Abril. O homem teria entrado em surto psicótico, o mesmo pulou o muro da creche e cometeu o crime usando uma machadinha. O homem já teria cinco passagens criminais na polícia, entre elas a tentativa de assassinato contra um ex-padrasto, a morte do cachorro do homem e pelo porte de cocaína.

Concluímos que a discussão sobre os ataques e a forma como se constitui todo o fenômeno precisa ser mais ampla e com a participação de todos os setores da sociedade que estão presentes na vida dos alunos e da comunidade escolar. Não se pode atribuir soluções fáceis para os problemas complexos da sociedade. Por isso, é preciso encarar esse fenômeno com a responsabilidade e minúcia que ele merece.

Psicólogo: Paulo Eduardo Tavares – CRP04/65371

REFERÊNCIAS: 
Reportagens de portais escritos e mídia de vídeos referente a época dos fatos (G1, R7, Band, Record, RedeTV)
Leituras de artigos sobre o assunto e produção livre de texto sobre os fatos de acordo com o autor do presente artigo.

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